A grande piada da internet são as pessoas desesperadas para saber se os seus CPF foram vazados e estão à venda na deep web.
Perda de tempo!
Se foram vazados dados pessoais de 220 milhões de brasileiros, não se preocupe com isto – seu nome está lá com toda a certeza, com cpf, conta bancária, imposto de renda, nome da mulher, foto da amante e até o número da sua cueca.
Mas como é esta tal de “deep web”, que parece tão quimérico quanto “o mercado”?
Deep web é uma espécie de rascunho do inferno, escuro, com fogueiras aqui e lá, sujo, cheio de ratos e baratas, zumbis, a Cracolândia da Internet.
Fico imaginando o meu nome sendo negociado entre um traficante de cocaína e um miliciano carioca.
-olha aqui, esse CPF. O trouxa tem duas contas bancárias, nenhuma dívida, não paga pensão, tem poucos boletos, uma golden retriever. Quer? Cinquenta dólares.
-Topo, vamos tomar uma 51 con Fernet no bar do Lúcifer para fechar o negócio. Hoje tem balada no Transilvânia com uma dupla sertaneja.
Antigamente, a merda era entrar para a lista negra do Serasa. Hoje falar em lista negra é racismo. É lista de maus pagadores, que também devia ser politicamente incorreto.
Mas Serasa não preocupa mais. O Brasil inteiro está na deep web, o subsolo do inferno frequentado por pedófilos, nazistas, gatunos, milícias, a gangue da dinamite e o Diogo Mainardi.
Até mortos ressuscitaram na deep web. Quem andou por lá jura que viu uma live do Hitler, entrevistado pelo Stálin.
Mas quem vazou o seu e o meu nome. Quem tem a maior lista de dados do Brasil?
Cala-te boca, se não você aparece varado de balas com a boca cheia de formigas numa viela sórdida da deep web.
E, pensando bem, a deep web já virou web.